O que as mulheres não devem fazer para chegar ao poder.


Foto: Bahia Economica
rosymary noronha
Que as mulheres, a cada dia, galgam novos cumes, ninguém hoje duvida: nem elas. Que elas já mandam na coisa quase toda, muitos já o creem piamente: inclusive eu. Ocorre, porém, que há diversos modos e meios de se chegar ao poder, ou de se achegar a ele. Nem todos legítimos, por sinal. Nem todos femininos, aliás. Nem todos éticos ou humanos, sobretudo. Não tenho a pretensão de dizer às mulheres qual o caminho a seguir: elas hoje sabem e podem mais do que os homens. Mas trago uma palavrinha sobre alguns pseudocaminhos, e alguns atalhos a evitar.
Mulher nova, bonita e carinhosa também pode fazer gemer de dor...


No ano de 2008, a prostituta e cafetina brasileira Andréia Schwartz foi tida como o pivô do escândalo que culminou na queda do governador de Nova York, Eliot Spitzer. Ela teria fornecido ao FBI provas do envolvimento do azarado político com uma de suas cabrochas.
Em julho deste ano, Denise Rocha, assessora do Senador Ciro Nogueira (PP-PI), roubou as atenções durante o depoimento do Prefeito de Palmas, Rui Pimenta (PT) à CPI do Cachoeira – sem sequer estar no recinto. Um vídeo íntimo da advogada, anterior inclusive ao seu ingresso no referido cargo, circulava entre os laptops de parlamentares e jornalistas, ofuscando os esclarecimentos prestados pelo Prefeito.
No final de novembro, o nome da chefe do Gabinete do Escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, foi ligado a denúncias de tráfico de influência em cargos no Poder Executivo e a repasses ilegais de verba. Seria apenas trágico (e seria apenas tráfico), se a revelação diurna de suas relações 'noturnas' com o ex-presidente Lula não acrescentasse contornos de comédia privê ao ocorrido.
A prostituta, a assessora, a amante... três figuras do micro-poder. Três mulheres do passado. Às vezes, uma só...
A prostituta e o governador... Kennedy teria dito que “a política é a segunda profissão mais antiga do mundo; mas, muitas vezes, se confunde com a primeira”. Millôr Fernandes preferiu resumir com concisão, incisão, decisão (e talvez precisão): “a política é mais antiga das profissões”. A prostituta, por sua vez, é mestre numa outra política, numa outra espécie de relações humanas. E, quando cafetina, amiúde exerce a governança da província, ou mesmo da nação. Não é, Duquesa de Pompadour?
A assessora e o senador: Jesus de Nazaré diz aos fariseus, legítimos “assessores de Moisés”: “Hipócritas! Vós tendes a chave! Não entram, e não deixam ninguém entrar. O assessor costuma impedir que demandas e petardos cheguem ao assessorado, seu chefe. E não é que o vídeo da jovem moça praticamente blindou o sortudo prefeito interrogado? Não é mesmo, Alteza Messalina?
A amante e o presidente... Temístocles, político e general grego, teria dito após sua maior vitória: “A Grécia manda nos bárbaros, e Atenas manda na Grécia. Eu mando em Atenas: mas minha mulher manda em mim”. Ao que podemos perguntar: e a amante? Ela desmanda, comanda, e, sobretudo, sobre tudo demanda. Não é, Marquesa de Santos?
Não tenho nada a ver com o que o governador faz ou deixa de fazer com a prostituta – desde que só faça transar ou coisa do tipo (privada), com dinheiro próprio, e fora do palácio do governo.
Tenho muito pouco a ver com o que o senador faz ou deixa de fazer com a sua assessora – desde que ela, além de o “acessar”, também o assessore, o ajude a assessorar e representar o seu estado.
Mas tenho muito, ou quase tudo, a ver com o que a amante faz com o presidente, sobretudo quando ela é mais que uma amadora, e faça mais do que o amar.
Três vias pelas quais a mulher não deve buscar o poder. E nem precisa: mulher nova, bonita ou carinhosa faz o homem sorrir com o seu valor....
Pois é, mulher do século XXI: corajosa, preparada, cidadã, companheira. Que no século de sua suprema afirmação, você continue a nos surpreender, sem deixar de nos encantar. Que saiba, cada vez mais, alcançar o poder pelo prosar, pelo prezar e pelo fazer, mas não pelo prazer, para não perder o norte, podar a sorte, ficar fadada, findar prendida, viver perdida, ser confundida e acabar podida.

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